quinta-feira, 21 de maio de 2009

Alegria, alegria!

Hoje eu fui ver Simonal - Ninguém sabe o duro que dei. Tudo bem que não tinha muita gente e, a maioria era idosos... Mas eu gostei bastante do documentário.

Já tinha ouvido alguns sons do Wilson Simonal quando saiu a Coleção da Folha de Bossa Nova e eu (re)"descobri" esse cara. De cara, li o pequeno livro dele e foi o que achei mais interessante. Saber que ele que inventou aquela parte "Mó num pátropi..." na música do Jorge Ben Jor, "País Tropical", com certeza fez me interessar ainda mais pela história e as músicas dele. Ouvir algumas músicas na voz de Simonal é maravilhoso. Até mesmo as canções de Carlos Imperial, que parecem tolas e bobagem (Mamãe passou açucar 'NI' mim, muito boa). A voz é linda, afinado e, ainda mais, engraçado.

A famosa "pilantragem" resume-se em Simonal. Ele é a pilantragem. O rei do swing... Um verdadeiro showman, fazia de tudo no palco. Conta Ziraldo no filme, que ele deixava a platéia cantando e ia tomar um café, voltava e eles ainda estavam lá, cantando como havia falado... Uma das cenas mais marcantes do filme é no Maracanãzinho quando ele rouba a cena de Sérgio Mendes. Ele foi abrir o show do cara e acabou fazendo o melhor show. Comandou um "coral" de 30 mil pessoas que se divertiram e até vaiaram a hora que ele precisou sair do palco.

As histórias engraçadas, o bordão "Alegria, alegria", ser um negão que canta vários tipos de musica não foi fácil... Causou inveja com seus carrões, com suas mulheres... E, infelizmente, sua história não foi tão bonita sempre. Descobriu que ficou sem grana (gastava sem pensar), desconfiou que seu contador o estava roubando. Numa época de ditadura, foi acusado de ter envolvimento com o Dops (para dar um corretivo no seu contador), ser um dedo-duro, sendo que a delação era o pior crime que se poderia cometer. Apavorado e sem ter noção do que estava realmente acontecendo e, para se defender, acabou se dizendo a favor da política extremista.

Passou anos esquecido. O depoimento de sua segunda esposa, Sandra, emocionada, relembrando quando ele ia ver os shows dos filhos, Max de Castro e Simoninha, que assistia escondido, pra não prejudicar a imagem dos filhos. E, dizendo uma frase que deve ter ecoado em muitas mentes: "Eu não existo na música brasileira".

Anos mais tarde do seu auge, provou que não tinha envolvimento com o Dops, mas não recebeu o devido foco.

Morreu alcoolatra, depressivo e sem o reconhecimento que merecia (2000).

Pra quem gosta do cara, vale muito a pena ir assistir, ouvir antigas gravações, as palhaçadas, boas músicas e a versão das pessoas que o conheciam.




... hoje: 'quantas vezes você tá distante mesmo tando do lado...' (emicida)

Um comentário:

mild disse...

nao chegou ainda aqui no interior

...
argh