sábado, 26 de dezembro de 2009

O Natal e o Creme de Uvas

E lá se foi o Natal...
Dele ficaram as sobras! Muitas delas, de pernil, de tender, de maionese, de pudim, de pão, de torta de maçã e de creme de uvas...
Eu comecei a cozinhar não sei quanto tempo faz. Mas eu lembro que eu queria aprender a fazer aqueles bolos incríveis, com recheio, cobertura e todas essas coisas. Minha mãe sempre foi adepta do bom e velho bolo de cenoura. E eu queria algo diferente e novo. Minha sempre fez aqueles doces de : pudim, manjar, flan, arroz doce, pé-de-moleque, doce de abóbora... E eu queria fazer algo que elas não fizessem e eu gostava: Bolos. Fiz muitos, muitas receitas, coisas de todos os tipos, aqueles bolos complicados com suspiro, com glacê sei lá o que... Enfim, meu gosto acabou simplificando. Comecei a sentir falta do velho bolo de cenoura. Aí comecei a fazer salgados. Raramente faço doces agora. Mas essa receita aqui eu aprendi há alguns anos, num Reveillon... Não lembro qual, mas faz tempo. De lá pra cá, essa receita foi passando. A Tina aderiu, passou pra família dela, passamos pra outras amigas... Enfim, cá está ela.


Creme de Uvas
Ingredientes:
Creme
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 lata de leite
  • 1 1/2 colher de manteiga sem sal
  • 1/2 lata de creme de leite
Cobertura
  • 1/2 barra (de 170g) de chocolate ao leite
  • 1/2 barra de chocolate meio amargo
  • 1 lata de creme de leite
Recheio
  • Uvas (sem semente) ou morangos picados
Modo de preparo

Creme: Leve ao fogo todos os ingredientes, menos o creme de leite. Misture bem e, em fogo baixo, deixe levantar fervura. A partir desse momento, mexa bem. Quando ele começar a engrossar e ficar um pouco mais mole que um creme, coloque o creme de leite e misture bem. Apague o fogo e reserve.
Uvas: Se você encontrar aquela uva verde, sem sementes é melhor, porque basta cortá-la ao meio. Mas, caso não encontre, use a uva verde normal, ao cortá-la ao meio, retire a sementes com a ponta de uma faca de serrinha.

- Em uma travessa, disponha as uvas cortadas ao meio, cubra com o creme já frio. Se preferir, pode misturar as uvas ao creme.

Cobertura: Pique os chocolates e, se tiver microondas (acho que hoje em dia todo mundo tem, menos eu, mas não ligo) coloque no microondas junto ao creme de leite até derreterem. Caso não tenha, como eu, faça no banho maria, dá um pouco mais de trabalho, mas o resultado é ótimo. Vai formar um creme mole e é só espalhar sobre o creme com as uvas. Cuidado que, por serem dois cremes, o creme de chocolate não espalha direito, tem que ir com paciência, colocando de pouquinho em pouquinho. Deixe na geladeira até a hora de servir! Bon Appétit!

Feliz Natal (atrasado)!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Kinzinho


Outro dia, quando eu fui visitar a moça que mora embaixo da ponte, eu vi a Lili, a cachorrinha dela. A senhora não estava lá, mas a Lili me reconheceu no ato, quando eu me aproximei... Ela veio abanando o rabo, muito feliz em me ver. E eu tinha estado lá apenas uma vez, mas fiz um carinho nela e ela simplesmente se recordou de quem eu era. Fiquei com ela durante um tempo esperando a senhora chegar. Ela não chegou, só um outro senhor. Naquele dia fiquei pensando como era lindo essa relação dos animais com os humanos, a maneira como eles te reconhecem, como te amam de uma maneira tão leal, de como tentam te agradar e como reconhecem quando fazem travessuras...

No último final de semana fui pra São José e fiquei com uma gripezinha chata. Chegou no domingo eu estava como um zumbi pela casa. Resolvi que queria ficar por lá mesmo até terça e matar a aula de segunda. Foram dois dias a mais com o Kinzinho. E foram os dois dias a mais. Nós dois jogados no sofá da sala vendo TV, comendo presunto e queijo na cozinha. Eu reclamando que ele não queria comer melancia. Ele se recostando na minha perna. Eu o chamando pra ficar deitado no chão da sala vendo a novela da sete com meus pais e a minha vó. Nós dois indo pra lá e pra cá. Não existia sintonia mais perfeita, Ele é meu filho e, às vezes, parecia que ele tinha saído de dentro de mim. O seu jeito esquisitinho tão parecido com meu, seus olhos de um castanho tão igual ao meu, seus cabelos brancos, mas lisinhos como os meus, do seu intestino que funcionava bem igual ao da família (ele fazia umas 4 vezes cocô quando ia passear) seu focinho e orelhas geladas que eu sempre gostei, suas pintinhas pelo corpo gordinho, seu tamanho maior que o normal e sua felicidade. Ele sempre sorriu.

Não sei se vou saber honrar o que eu sinto ou que ele significa pra mim em algumas palavras, mas eu fico tentando buscar jeitos de entender e de se fazer entender o que aconteceu.
Lembro uma vez, há muito tempo atrás quando minha mãe falou que não imaginou que eu fosse gostar tanto dele. Lembro tão bem, como se tivesse com ele no meu colo agora, o primeiro dia que ele chegou em casa, tão quentinho que parecia que tinha feito xixi em mim. Lembro da primeira noite que passamos juntos. Denis e eu deitados no tapete de pele de carneiro da minha mãe fingindo que estavamos dormindo pra ele dormir também. Lembro como a gente o aplaudia e ria quando ele pulava o murinho da minha velha casa. De como ele tinha suas manias esquisitas, como deitar parecendo uma rã, adorar queijo nózinho, empurrar com o focinho a porta do meu banheiro, lamber meus dedos do pé quando eu tirava o tênis, brincar de vene-torino-vene-tibum, de passear livre pela pracinha, de implicar com as palmas, de ficar correndo atrás da Tila feito uma sarna, de encostar a cabeça nos meus pés, de como ele acabava com os nossos chinelos, do dia que ele fez cocô em cima da cama da minha mãe (bem no centro da cama), da capacidade de fazer cocô bem em cima dos murinhos, do primeiro banho dele que eu fiquei uns 15 minutos rindo de como ele ficava esquisito molhado, de quando ele mordeu o rato, de quando ele fez xixi nas costas da vizinha, de como ele mexia o rabo quando me via, de como ele latia e rosnava pras pessoas que tentavam bater em todos nós da família, seu medo de altura, como ele arranhava minhas costas quando eu subia as escadas com ele, do dia que ele caiu das escadas... e como ele nunca esqueceu de mim por mais que eu ficasse fora dias e dias...

É engraçado como um cachorro pode fazer mais falta que um ser humano. Eu nunca chorei tanto a perda de alguém como eu estou chorando a do Kinzinho. Ele era meu filhote, totalmente parte de mim, meu bebêzinho, meu adugui dugui mamãe da mamãe mamãe, meu porto seguro, meu amigo, meu companheiro, o presente que eu ganhei e que mais amei. Eu não sou de demonstrar afeto, não sou de demonstrar carinho e nem ser uma pessoa muito doce, mas, se existe alguém em todo mundo que conheceu o meu lado mais doce, mais generoso, mais altruista, mais maternal e mais carinhoso, com certeza foi o Kinzinho. Nunca fiquei um dia todo perto dele sem falar pelo menos uma vez que eu o amava, ou como ele era a coisinha mais importante do mundo, ou como ele era uma bolota gorda fedida que não fedia que eu mais gostava. O bom é saber que ele se foi sabendo um pouco da extensão do amor que eu sinto por ele. E graças a Deus ele não sofreu muito...

Eu não sei se consigo me sentir melhor e não sei como vai ser quando eu for pra São José e não o ver. Não ir até o trampo da minha mãe com ele no banco do carona, não carregar ele morrendo de sono até sua casinha, não ver ele parado na porta do meu quarto assim que ouve o primeiro barulho de que eu acordei. Parece tudo um pouco vazio, mas vamos todos aprender a conviver com isso...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Julie & Julia - o filme


Andava meio desanimada, mas fui ver Julie & Julia e fiquei muito animada! Sério, o filme é muito legal. Já falei antes sobre isso aqui. E tava ansiosa pra ver o filme. Estreou na sexta, mas fui pra São José e lá não estava passando o filme, droga!

O filme é um pouco diferente do livro. Temos duas histórias, a de Julie (e se passa em 2002)- uma mulher de 30 anos que está desanimada com o rumo da sua vida em seu apartamento minúsculo, seu cúbiculo onde é secretária e a maneira como nunca termina nada do que começa - e a de Julia (que se passa nas décadas de 50/60) que aprendeu a cozinhar quarentona, em oito anos escreveu um dos maiores livros de comida francesa para mulheres que não tem uma empregada e ainda estrelou uma programa de televisão culinário.

Julie Powell resolve fazer as 524 receitas de Julia em 365 dias, mantendo então uma missão por um ano e postando diariamente em seu blog suas experiências. Ela ganha fãs, que acompanham seu blog e a incentivam. Ela imagina uma Julia como se fosse sua amiga próxima, quase como uma amiga imaginária. Ela tem convicção de que Julia a apoia e está sempre ali ajudando pra que tudo dê certo. No livro, temos a trajetória de Julie bem traçada, com os altos e baixos de suas experiências, com a sua vida mais explícita, suas amizades, seus dramas diários e suas dificuldades na cozinha. No filme temos todas essas partes com mais humor, em cenas engraçadas e desengonçadas como a que ela prepara lagostas, ou em algum de seus ataques...

Diferente do livro, no filme nós conhecemos melhor a Julia Child, vivendo com seu marido Paul em Paris, aprendendo a cozinhar, sendo uma mulher grande, alegre e carismática e encontrando na comida, assim como Julie encontra, uma razão ou um rumo pra seguir. Julia começa a se dar bem e resolve com duas amigas fazer um livro pra ensinar as americanas a cozinha francesa sem a necessidade de uma empregada. Então elas começam o Mastering the Art of French Cooking que, depois de oito anos sendo escrito, testado e revisado, é lançado e vira um grande sucesso. Julia além de surpreender é convidada a fazer um programa de televisão (The French Chef) que vira um sucesso nos Estados Unidos.

Unidas pela paixão pela cozinha e por muita manteiga, o filme relata duas grandes mulheres com suas dificuldades, com sua perseverança e com seus jeitos desastrados e engraçados. Meryl Streep está cativante em seu papel como Julia Child e Amy Adams é simplesmente a Julie Powell que eu esperava. Vale a pena conferir a sala cheia de senhoras, de filhas (os) acompanhando as mães e se divertindo também.